quarta-feira, 16 de junho de 2010

Para além

privado de tantos bienes
y perdido en tierra ajena,
parece que se encadena
el tiempo y que no pasara,
como si el sol se parara
a contemplar tanta pena

El Martin Fierro - José Hernandez
E o sol persistia a não se mover. Talvez porque ele não queria. Queria, sim, pelo visto, queimar a nuca daquele pobre diabo em cima de um também infeliz cavalo que, preto, sofria ainda mais aquela ardência. Aquele cavalo mal imagina o que está por vir, se é que esses quadrúpedes podem conjeturar futuros, ainda que bem próximos; se é que conseguem, também, pensar o fato de ter um homem montado em seu lombo com desejo tão belicoso.
A guerra está além daquela colina. Está lá o que virá a ser um agora, mas que é depois, nesse momento. E o tempo...
O sol está realmente decidido a permanecer intacto. Não se pode esperar outra coisa, talvez nem mesmo a lua e as estrelas. O sol ouve os tantos cascos a marchar por essa planície sem fim, ainda que haja esse morrinho perdido, exilado. Com certeza essa bola incandescente torrará os corpos que se estirarão no outro lado do morro, mas antes os ânimos, os medos, as vontades e tudo que vier sentir ou pensar todas aquelas cabeças de homens, fadados ao calor, qualquer que seja.

6 comentários:

Anônimo disse...

qualquer que seja, tão belicoso :P

Ada Gomes disse...

Sentir o sol queimando a nuca...
Deu saudade do meu Kiau véi! rs...

Cecília disse...

você e o sertão.
paixão.

Tenorius disse...

mas aí é a llanura... oh vcs errados!

Cecília disse...

você e a llanura.
ternura.

Tenorius disse...

;)