sexta-feira, 25 de julho de 2008

Girl From The North Country - Bob Dylan

Well, if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.

Well, if you go when the snowflakes storm,
When the rivers freeze and summer ends,
Please see if she's wearing a coat so warm,
To keep her from the howlin' winds.

Please see for me if her hair hangs long,
If it rolls and flows all down her breast.
Please see for me if her hair hangs long,
That's the way I remember her best.

I'm a-wonderin' if she remembers me at all.
Many times I've often prayed
In the darkness of my night,
In the brightness of my day.

So if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

fernando pessoa

E no fundo da garrafa...

"Boeeeeemiiiiaaa, aqui me tens de regresso..." não lembro o resto, aliás, nunca soube. Não continuava a música na propaganda. Enfim, retornei. Uns copos de cerveja, risos, casos duvidosos e outros não e uma roda de amigos.
Bebi. Gostei. Bebi mais uma vez e voltei para casa. Achei o mp3, liguei um Bob Dylan - vi o filme sobre ele, e pus o poster ali ao lado - e deitei na rede. Pensei na vida. Balancei mais na rede. Vida, estranha vida. Pensar no futuro e no passado, mais no futuro. Acho que vou ser Pai Diná. Esse negócio de adivinhar o futuro deve render uma graninha boa. Jogo uns búzios e jogo baralho.
AH! Vou beber mais.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

o caminho das pedras ou as pedras do caminho; o caminho eterno

Olho as pedras que no chão fazem a estrada, uma estrada inquieta que me ao passado ou à vida que quis ter. Julgo ser a primeira vez que as vejo.Tão bem postas. Tão juntinhas.
Recordo que nunca estive aqui, mas sinto que retorno. Essa confusa primeira vista dizem ser causada pela longa ausência, como se há muito me houvesse ausentado e que agora tornasse a revê-las, como fosse a primeira vez.
A primeira vez que se vê as pedras do chão, ou as folhas e flores da vida, é sempre magnífico, é sempre único. Uma emoção se cria quando do primeiro instante, mas que ao segundo, que ao terceiro, que ao décimo oitavo e que ao sempre torna-se estranha, cansativa e as vezes feia.
Será melhor partir para bem longe dessas pedras para que eu possa revê-las e sentir, mais uma vez, o prazer de primeiro vê-las? Se for assim, assim será feito.
Não me recordo do mato que vive entre essas pedras. Talvez elas tenham mudado. Ou talvez eu que mudei.

sábado, 5 de julho de 2008

Trecho de Hermann Hesse

Costumo sublinhar frases que me incitam admiração em livros, revistas e outros papéis. Mas o livro que leio do alemão Hesse, Demian, fez-me sublinhá-lo quase por completo. São tantos os períodos escritos que me admiraram que tornou-se difícil escolher um, apenas um, para expor aqui.
Bom, sem mais delongas e melações:

Assim disse Pistórius a Sinclair, em uma passagem de Demian:

"- Sempre achamos que são demasiadamente estreitos os limites de nossa personalidade! Atribuímos à nossa pessoa somente aquilo que distinguimos como individual e divergente. Mas cada um de nós é um ser total do mundo, e da mesma forma como o corpo integra toda a trajetória da evolução, remontando ao peixe e mesmo a antes, levamos em nossa alma tudo o quanto desde o princípio está vivendo na alma dos homens. Todos os deuses e todos os demônios que já existiram, quer entre os gregos, os chineses ou os cafres, todos estão conosco, todos estão presentes, como possibilidades, desejos ou caminhos. Se toda a humanida perecesse com exceção de uma só criança medianamente dotada, esse menino sobrevivente tornaria a encontrar o curso das coisas e poderia criar tudo de novo: deuses, demônios e paraísos, mandamentos e proibições, antigos e novos Testamentos.

- Pois bem - objetou-lhe Sinclair. -Mas que fim leva o valor do indivíduo? Para que aspiramos a algo se já temos tudo concluído em nós mesmos?

- Alto lá - exclamou Pistórius com força- Há muita diferença entre levarmos simplesmente o mundo em nós mesmos e conhecê-lo. Um louco pode expor idéias que lembram as de Platão e um colegial devoto pode criar em sua imaginação profundas conexões mitológicas que aparecem nas doutrinas dos gnóstico ou de Zoroastro. Mas sem sabê-lo! E enquanto não sabe, é uma árvore ou uma pedra, ou quando um animalzinho. Não creio que se possam considerar homens todos esses bípedes que caminham pelas ruas, simplesmente porque andam eretos ou levem nove meses para vir à luz. Sabes muito bem que muitos deles não passam de peixes ou de ovelhas, vermes ou sanguessugas, formigas ou vespas. Todos eles revelam possibilidades de chegar a ser homens, mas só quando vislumbram e aprendem a levá-las em parte à sua consciência é que se pode dizer que possuem uma..."

Quando li isso, lembrei de uma filosofia japonesa chamada Seicho-no-ie. Sobre o conhecimento evolutivo acumulado em cada alma e sobre o despertar do ser. Interessante. Também ponderei a respeito do trecho em que diz que um louco pode expor "idéias que lembrem a de Platão". Perdoem-me a falta de criatividade, mas: existe, realmente, mais coisas entre o céue a terra (?) (!)(...)(.)