Era uma mulher tão bela. Tinha longos cabelos negros, bem negros, qual o breu do cosmo. O brilho das estrelas representaria a sua alegria. Dói saber que não mais gozarei daquela boa risada escandalosa, que fazia até a piada mais sem graça encher-se de risos. Ela me contagiava...
Linda e baixinha. E inteligente! Ah, e como era! Era a minha fonte intelectual, minha guia, minha inspiração.
Ainda não entendi seu fim. Lágrima alguma verti. Talvez seja por que só tenho a imagem daquele sorriso cheio de dentes branquinhos e das sombrancelhas levantadas. Minha tia Cláudia: tanto amor; tanta saudade.
Como somos miúdos. Vejo tantas casinhas empoleiradas nessas montanhas mineiras. Agora, sim, incorporo um pouco de tristeza. Mas abri as portas para que me invadisse de mansinho. Pus o mais triste tango para tocar-faltou-me uma garrafa de vinho e sua foto. Ao menos o bandoneón me consola. Melancólico e firme. Seu som me serve como uma marcha fúnebre que lamenta o fim daquelas gargalhadas e que começa a por terra por cima da carne.
Brindo a minha tia! Brindo a alegria! Celebro e incentivo as loucas risadas; e apago o fio de tristeza escondidopor detrás de qualquer sorriso. Pois então esqueço do fim e prossigo com o meio.
Com todo amor,
do eterno sobrinho, Guguinha.