segunda-feira, 30 de abril de 2012

Forjando insônia II

Abro a garrafa e a levo à boca. Sinto o líquido gelado escorrer lentamente porminhas vísceras e enfim terminar guardado no estômago vazio.
Meus olhos enrubrescem e os sentidos vão se enturvando. O frio já não é mais tão frio. Já eu, pareço ser mais eu que em outrora.
Assim, assomo em mim mesmo. Assim,sigo sozinho pela noite. Fujo das luzes dos postes e adentro ao beco escuro. Nada mais se vê. De tudo a noite tomou conta.

domingo, 29 de abril de 2012

Forjando insônia

Deixe-me em paz. Suma de mim ao menos nesta madrugada. O frio e o álcool me são companhias suficientes.
A música não cessa. É uma, apenas, que se repete infinitamente em seu solo de guitarra avassalador. E, de repente, um grito após um silêncio premeditado.
Ai, você, distante, uma imagem turva na memória. Estou sem foco, é verdade, por isso bebo o vinho no gargalo mesmo, sem desperdiçar uma gota sequer. O que eu preciso é dormir. Essa pequena morte de todo dia, como dizem, para nascer com alguma pretensão de esperança qualquer enfim.
A garrafa ainda está na metade. Ainda posso resistir. É como regar a angústia, nutrir a inquietude.
São quase cinco horas da manhã. Preciso de um desmaio implacável. Preciso mesmo é aceitar o sono de uma vez. Assim a verei, etérea, sem precisão, mas, ainda assim, ela. É o que resta: entregar-me.

domingo, 1 de abril de 2012

Picada

Amanheci num sonho grande, imenso.
Amanheci eu mesmo, vislumbrando um caminho cerrado.
E aí percebi que estava de fato caminhando
e reto.
E sempre caminhando.