segunda-feira, 15 de junho de 2009

Preto


É à noite que as rédeas são soltas. Concebe-se, então, todo o controle ao cavalo. E meu destino é entregue a esse quadrúpede.

Na verdade, nem em toda noite é assim: só em noite sem lua. Em noite que não é possível ver-me os pedaços que me compõem, nem minha montada e nem todo o resto, a exceção dos pontos do céu. E como são tantos! Lembro-me que já ousei contá-los: é um, é dois, foi vinte, quarenta e três e... Ave-Maria! pra que lado eu conto e vou?

Estrela não tem força de lua. Estrela é miudinha, não tem força pr'acender noite. Nem mesmo essa ruma de estrela junta há de alumiar essa minha estrada, imagine esse mundo de Deus!

É preto, esó preto! Mais parece que fechei os olhos e me pus a dormir sem sonhar. Como é que pode, né? Dormir e sonhar e dormir e não sonhar!? Melhor é nem pensar nessas imundices, pra mode não ficar abilolado e deitar adoentado.

Posso me perder em pensamento agora não, senão cavalo pensa que não estou aqui e segue a qualquer vereda perdida de não se achar. Mas esse bichão daqui sabe de casa; sabe o caminho de cor e gosta mesmo é de lá de casa. Confiança.

Medo... é complicado. Essa história de cidadão-lido falar de só ter medo daquilo que se vê é meio difícil de se proceder. Ah! Ora! Você vendo, já sabe de ond'é que vem o bote da jararaca. A peste é eu, que não vejo gôta nenhuma, me deparar com coisa alumiada, de repente, agora. É nessa hora que luz faz medo também. Se tudo que é breu fica breu, é bom. Ruim é luz que aparece do nada. De dia é o contrário: o apagar que é terrível.

Agora, coisa que é engraçada é que cavalo meu é preto, e já que tudo é preto: eu estou montado é em nada. Mas se parar pra se pensar mais: eu fiquei preto e estou montado em preto e no meio do preto... que há de ser isso? Eu que não quero mais é pensar....

segunda-feira, 1 de junho de 2009

31/05/2009

que falta sinto de braços que disfrutem de confusões e desassossêgos como os meus. E de toda aquela salsa infinda, caótica, de desejos e ansias. ou, quiçá, do barulho do mar, com os carros às costas, e um corpo a se apoiar.
O navio segue.