quarta-feira, 2 de junho de 2010

Café

O que mais me atrai em Romina? Os olhos. Na verdade, seus olhos fechados enquanto sorri aquele sorriso branquinho com os dentes bem juntinhos.
Não sei como, mas sempre a encontro naquela cafeteria que desce Corrientes. Desta vez trouxe-me aquela velha edição de "Coração das Trevas", da tão antiga - e tão imensa - biblioteca de seu avô, velho gaúcho da llanura sem fim - do mesmo tamanho do sertão de meu avô, bem mais ao norte dali, o outro sem-fim. Infindo poderia ser também o seu sorriso.
"O horror! O horror!" é sempre o que proclamo quando conversamos sobre o livro que saiu de sua bolsa. Disse-me que abriu um bom debate sobre a obra em sua classe. E sorveu mais um pouco do café em sua xícara, levantando-a com as duas mãos, daquele jetinho dela.
Empolguei-me numa análise cheia de gestos e reticências sobre as trevas apresentadas no livro... Ela levantou as sombrancelhas como que impressionada - ou como que prendendo o riso - com aquela figura loquaz à sua frente. "Você podia ter ido à aula para entrar no debate. Teria sido bacana." E eu só prestei atenção no seu sotaque. Lindo, lindo. Mas que sotaque bonito é o dessa porteña.

Um comentário:

Cecília disse...

"Caminando por Corrientes los tontos se mordian los dientes. Yo en soledad.."