quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Não sei se eram seus olhos por trás daqueles óculos quadrados de haste preta, ou talvez aquele sorrisinho tímido, cheio de dentes branquinhos, mas algo nela fazia me sentir bem.
Foi a segunda vez que a levei ao Le Vesoul, uma cafeteria à francesa cravada numa ruela estreita e centenária de Vila Rica. Estávamos sentados bem no encotro de duas paredes. Em uma delas, pendia um quadro com uma foto em preto e branco de um casal, com a torre Eiffel ao fundo. Ela começou a me contar sobre a vontade que tinha de ir à França: "Paris, Toulouse, Marselha, Nantes..." e sorria. Confesso que prestava mais atenção nas covinhas que assomavam em suas bochechas.
Quando o garçom apareceu com os capuccinos, calado, esperei vê-la erguer a xícara com as duas mãos brancas e, num susto, queimar a ponta da língua. Agora, eu que abria o sorriso. E ouvia seus bravejos, com aquela careta que só ela fazia. Uma careta bonita. Impossível não ser, por mais que tentasse.
Bom mesmo foi quando saímos da cafeteria: era inverno, e o frio da serra chega a doer. Quando a vi bater os dentes, abracei-a e segui o caminho de casa com o rosto colado ao dela. Fui aquecido pelo seu sorriso. Puro deleite. E o vinho a nos esperar.

Um comentário:

Rayza Fontes disse...

encantador..minimalista..apaionante