domingo, 29 de abril de 2012

Forjando insônia

Deixe-me em paz. Suma de mim ao menos nesta madrugada. O frio e o álcool me são companhias suficientes.
A música não cessa. É uma, apenas, que se repete infinitamente em seu solo de guitarra avassalador. E, de repente, um grito após um silêncio premeditado.
Ai, você, distante, uma imagem turva na memória. Estou sem foco, é verdade, por isso bebo o vinho no gargalo mesmo, sem desperdiçar uma gota sequer. O que eu preciso é dormir. Essa pequena morte de todo dia, como dizem, para nascer com alguma pretensão de esperança qualquer enfim.
A garrafa ainda está na metade. Ainda posso resistir. É como regar a angústia, nutrir a inquietude.
São quase cinco horas da manhã. Preciso de um desmaio implacável. Preciso mesmo é aceitar o sono de uma vez. Assim a verei, etérea, sem precisão, mas, ainda assim, ela. É o que resta: entregar-me.

Um comentário:

Cecília disse...

Bonitas são as olheiras no dia seguinte. Dá até orgulho, de vez em quando. Marca de guerra.