sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De bar em bar

Chegou esbaforido empunhando uma peixeira. Era um desses tais "cabra macho", lá de cima, de Sergipe. Mais ainda: do sertão, na beira do Velho Chico.
Parou a batucada, cessou o ronco da cuíca e a mulatada deu um verdadeiro breque e se danaram a espernear.
Já entrou rodando feito um cangaceiro azucrinado. Parecia aquele tal do cinema.
Rodou e rodou. Rodou tanto que caiu no chão. Mas logo se levantou. Perguntou por "ele". "Cadê ele?" O pessoal ficou sem saber o que falar. "Cadê?", e eu sei lá! "Cadê aquele cabra safado? Aquele fio de uma gata-que-ronca!?" Piorou, ninguém deu um passo à frente -ninguém sequer piscou. "Apareça, seu peste!"
Uma tensão danada. Viam-se alguns olhos lacrimosos, femininos, diga-se.
Tão triste ver um samba murchar. E quão terrível é ver um cangaceiro doido e bêbado ameaçando alguém. Ave-Maria! É hoje o dia...
O virgulino embriagado olhou nos olhos da negada da banda, nos das crioulas, nos de todo mundo. De repente, a outra mão, a que estava abanando, foi à cabeça. Coçou-se, com uma cara de besta que dava dó. "Errei o bar..."
O do pandeiro até tentou voltar a tocar, mas não conseguiamanter o ritmo. "Tremedeira danada, rapaz".

5 comentários:

Anônimo disse...

Você é o escritor mais brasileiro de todos.

Anônimo disse...

De bar em bar...

http://www.youtube.com/watch?v=ERhHeWL3j3o

Anônimo disse...

"Errei o bar..." kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Alicia disse...

Uau, que regionalismo bonito.

Guilherme Ferreira disse...

bom, cara. muito bom.