segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Romina III

Agora, sim, lembro-me daquele final de semana na casa de praia. Foi só botar o disco do Drexler que a maquinaria enferrujada de minha cabeça resolveu girar.
Vou até voltar uma canção. É uma daquelas que se ouve repetidas vezes, sempre e sempre. Romina é que costumava fazê-lo: toda vez que terminava a tal música, apertava o botão de retorno de faixa. E uma e duas e três e tantas e tantas, até chegar na casa de praia. Ela usando aqueles óculos estilo retrô - desses que estão na moda, e que por isso não o comprei para mim, de birra mesmo - e os cabelos a se rebelarem com o vento que invadia o carro pela janela escancarada.
Una canción me trajo hasta aquí. E foi mesmo. Não me recordo das outras músicas do disco. Aliás, do CD. Digo disco, mesmo, por mais que me encham o saco dizendo-me que tenho espírito de velho-nostálgico-colecionador-de-vinis. A palavra disco soa bem melhor que este C junto ao D: cedê...
Romina me faz falta nestas noites sem nuvens. Deve estar descansando de tanta aula dada naquele frio das planícies do sul distante. Disse que se mudou para perto de uma lagoa que fica num canto bem verde daquela cidade. E eu aqui a reclamar do tempo seco e de meus lábios ressecados, feridos. Una canción me trajo hasta aquí.