tag:blogger.com,1999:blog-60864524814869449382024-03-13T09:37:26.644-07:00O VentoTenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.comBlogger76125tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-69709019966064994452012-06-10T20:40:00.001-07:002012-06-10T20:40:11.146-07:00PorosDeslizei meus lábios pelo seu corpo e senti o cheiro de seus segredos mais farpados,os que saíam de seus poros, dilatados, entre o arfar incessante de seu peito e o hálito quente que me acertava o rosto.<br />
Dei-lhe um abraço forte, qual uma besta fera junto a sua carne, com a intenção de tornar-nos um, e só um, ou de lhe absorver e você desaparecer em mim num gozo derradeiro, frustrado com a perda da eternidade.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-6549688380085903662012-05-01T16:19:00.001-07:002012-05-01T16:19:56.887-07:00Deixe-me. Deixe-te.<br />
Confudamo-nos, simplesmente.<br />
Sinto-te em mim. Olho-te toda<br />
e tu me sorris apertando os olhos e a ti em mim.<br />
Ai, sê assim, sempre, e tenhas<br />
toda esta candura eternamente.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-22532380112233255382012-04-30T20:37:00.002-07:002012-04-30T20:37:28.219-07:00Forjando insônia IIAbro a garrafa e a levo à boca. Sinto o líquido gelado escorrer lentamente porminhas vísceras e enfim terminar guardado no estômago vazio.<br />
Meus olhos enrubrescem e os sentidos vão se enturvando. O frio já não é mais tão frio. Já eu, pareço ser mais eu que em outrora.<br />
Assim, assomo em mim mesmo. Assim,sigo sozinho pela noite. Fujo das luzes dos postes e adentro ao beco escuro. Nada mais se vê. De tudo a noite tomou conta.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-10079803531183492062012-04-29T21:15:00.002-07:002012-04-29T21:15:27.815-07:00Forjando insôniaDeixe-me em paz. Suma de mim ao menos nesta madrugada. O frio e o álcool me são companhias suficientes.<br />
A música não cessa. É uma, apenas, que se repete infinitamente em seu solo de guitarra avassalador. E, de repente, um grito após um silêncio premeditado.<br />
Ai, você, distante, uma imagem turva na memória. Estou sem foco, é verdade, por isso bebo o vinho no gargalo mesmo, sem desperdiçar uma gota sequer. O que eu preciso é dormir. Essa pequena morte de todo dia, como dizem, para nascer com alguma pretensão de esperança qualquer enfim.<br />
A garrafa ainda está na metade. Ainda posso resistir. É como regar a angústia, nutrir a inquietude.<br />
São quase cinco horas da manhã. Preciso de um desmaio implacável. Preciso mesmo é aceitar o sono de uma vez. Assim a verei, etérea, sem precisão, mas, ainda assim, ela. É o que resta: entregar-me.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-83535318457300505192012-04-01T10:35:00.001-07:002012-04-01T10:36:37.141-07:00Picada<span style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-size: 11px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: pre-wrap; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255); display: inline ! important; float: none;">Amanheci num sonho grande, imenso.<br />Amanheci eu mesmo, vislumbrando um caminho cerrado.<br />E aí percebi que estava de fato caminhando<br />e reto.<br />E sempre caminhando.</span>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-50088320942916392242012-02-28T21:14:00.001-08:002012-02-28T21:16:13.763-08:00noturna<div class="fbChatMessage fsm direction_ltr" jsid="message" id="msg_100002511154399_1137380964949:2224883120" style="direction: ltr; font-size: 11px; margin-bottom: 3px; white-space: pre-wrap; word-wrap: break-word; color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255);">celebro tanto a solidão</div><div class="fbChatMessage fsm direction_ltr" jsid="message" id="msg_100002511154399_1137380966948:1500638968" style="direction: ltr; font-size: 11px; margin-bottom: 3px; white-space: pre-wrap; word-wrap: break-word; color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255);">muito</div><div class="fbChatMessage fsm direction_ltr" jsid="message" id="msg_100002511154399_1137380984324:2890507622" style="direction: ltr; font-size: 11px; margin-bottom: 3px; white-space: pre-wrap; word-wrap: break-word; color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255);">mas,no final, não é aquele silêncio de shakespeare ou de veríssimo:</div><div class="fbChatMessage fsm direction_ltr" jsid="message" id="msg_100002511154399_1137380993607:1131763912" style="direction: ltr; font-size: 11px; margin-bottom: 3px; white-space: pre-wrap; word-wrap: break-word; color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255);">são braços rotineiros,</div><div class="fbChatMessage fsm direction_ltr" jsid="message" id="msg_100002511154399_1137381003274:2290457294" style="direction: ltr; font-size: 11px; margin-bottom: 3px; white-space: pre-wrap; word-wrap: break-word; color: rgb(51, 51, 51); font-family: 'lucida grande',tahoma,verdana,arial,sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 14px; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px; background-color: rgb(255, 255, 255);">de toda noite,<br />os que me faltam agora.</div>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-17612071076841499872012-02-09T17:17:00.000-08:002012-02-09T17:49:55.396-08:00AgoraAh, Romina, já não me lembro mais de você. Seus cabelos e seus olhos já perderam as cores em minha memória. Não a culpo por nada, é claro, não me leve a mal. Você fez o que deveria ter sido feito, mesmo.<br />Eu simplesmente preferi renegar todo esse fado com intenção de eternidade. A verdade é que sou inconformado com aquilo que chamam de "predestinação". Eu juro que não aceito essas coisas tão exatas, infalíveis. Desconfio de tudo.<br />Você partiu e eu sofri. E pronto e acabou. Agora a tenho em meu rincão mais profundo, na região governada pelo olvido. E assim você segue a se diluir em meu sangue, até não ter mais gosto.<br />Olha, Romina, não me creia vingativo ou atroz (devo ter exagerado), mas tudo aqui é verdade, cada vírgula e cada ponto. Quantas noites de insônia, deitado na cama, a mirar o teto do quarto, num escuro imprestável, eu lhe via sorrindo! Mas agora eu durmo tranquilo; um sono bem pesado. É tudo sossego após eu ter eclodido do ovo claustrofóbico em que me encarcerei por uma temporada infernal.<br />Hoje o mundo me pertence. Sou o rei daqui. É fevereiro e o carnaval já vem. E sigo me depurando do que ainda restou, do que ainda teima em existir.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-40622285206074898332011-12-28T16:32:00.000-08:002011-12-28T16:46:49.274-08:00Lembrança de RominaSempre pensei que estava tudo certo. Rejeitei a ordem e a parcimônia, ainda que não vivesse cego no exagero. Engraçado, mas passei a pensar toda a minha vida a partir de um fim. Não como Brás Cubas, quando fantasma, mas após o término de um relacionamento. Espero, com toda sinceridade, não cair num tremendo clichê, enfadonho até para uma novela das nove. <div>O que é certo, e não há dúvida, é que sou a própria contradição. "A contradição encarnada!", é o que eu diria de mim mesmo, numa mesa de bar, gesticulando em minha eloquência embriagada. Pior que agora me vejo como um idiota. Caricato! Eu não cria nos poucos que me alertavam. Mas agora quero me despir: nu, para depois vestir outras roupas mais cômodas. Ou será que já começo a exagerar num dramalhão imbecil?</div><div>Estou sereno, apesar de um vazio estranho. Quedei-me num hiato de indecisão. Ai, senhores, faz-se necessário me expor assim numa catarse? Sequer vontade de abrir uma garrafa de vinho me assoma nesta noite intranquila. É certo que eu poderia estar numa situação até pior, aos prantos, esbravejando infâmias! Mas ela tinha razão, no fundo. E eu também em minha superfície. Acontece que me perdi em minhas profundezas. Deve estar lá o fio de sensatez, como eu podia ter sido, e não fui. Não fui buscar-me sequer.</div><div>Gostaria de um despertar trevisaniano e deixar que a carne me conduza noite à fora. Queria aguçar meus sentidos num gozo interminável e inconsequente. Infelizmente alguma coisa em mim não me permite: puxaria-me de volta à correição. Eis aí a minha desdita. Fico de lá-pra-cá; indo e vindo; entre o silêncio e o escândalo; discrição e estupor. E o que me sobra, no fim, é o sono e a promessa de um outro dia.</div>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-67343959393068947462011-07-27T11:57:00.000-07:002011-07-27T11:58:57.698-07:00ConstânciaTudo é eterno<br />até o apagar-se em si<br />e nunca mais.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-63497054342456478332011-05-29T21:58:00.000-07:002011-05-29T22:09:41.769-07:00Olhando a cidadeAbri a janela para sentir o cheiro da noite fria. À frente, uma névoa púrpura a cobrir o pico do Itacolomy. As luzes das casas do bairro que fica aopé da montanha trmulam sonolentas. Minhas vista cansada reclama um sono que ainda não quis vir.<br />Medito qualquer confusão que queira me assolar. Desta vez são muitas,e todas me assomam num turbilhão. Um desassossego tedioso que me dói a cabeça.<br />Ainda me resta um gostinho de caféna boca. Espero criar coragem para escovar os dentes antes de dormir - ah, como queria ser metódico! Minha vida é um eterno improviso. Talvez eu devesse estar cursando Artes Cênicas. Não sei. Queria sossego em minha alma. Se ao menos tivesse uma garrafa de vinho aqui. Beberia toda a garrafa e logo o sono me arremataria num bom descanso.<br />Ando insatisfeito e ligeiramente frustrado. Sou sempre assim? Fantasio demais? Queria por fim a tudo e recomeçar. Recomeçar-me a mim. Exagero de primeira pessoa. Mas não o consigo. Nem mesmo este texto será refeito.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-44221175992214730432011-04-02T15:18:00.000-07:002011-04-02T15:21:52.855-07:00Voltou pra casa apenas para rasgar o que havia escrito. Uma vontade louca de picotar tudo para então começar outra coisa, totalmente diferente. Uma caneta de outra cor, um papel de outra qualidade. Criar-se em outro personagem;acrescentar outros novos. Depois partir,sumir. Sem volta.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-10656627711066253892011-03-27T19:13:00.000-07:002011-03-27T20:34:20.654-07:00Retorno às montanhasAgora as montanhas me cercam comedidas, com receio e com um certo carinho. Talvez arrependidas. Chorosas.<br />Tratam-me com muito zelo. Chovem um choro fino, mas, à tardinha, um toró soluçante revela um insuportável peso na consciência.<br />Eu não sei se acredito nisso tudo.<br />Eu sei que tudo é adoravelmente estranho e novo. Devo estar gostando. E ainda tem o frio fora da época.<br />Algo sem muita sinceriade. Espero que seja eu.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-73120310378452343952011-02-18T15:03:00.000-08:002011-02-18T15:34:52.092-08:00De bar em barChegou esbaforido empunhando uma peixeira. Era um desses tais "cabra macho", lá de cima, de Sergipe. Mais ainda: do sertão, na beira do Velho Chico.<br />Parou a batucada, cessou o ronco da cuíca e a mulatada deu um verdadeiro breque e se danaram a espernear.<br />Já entrou rodando feito um cangaceiro azucrinado. Parecia aquele tal do cinema.<br />Rodou e rodou. Rodou tanto que caiu no chão. Mas logo se levantou. Perguntou por "ele". "Cadê ele?" O pessoal ficou sem saber o que falar. "Cadê?", e eu sei lá! "Cadê aquele cabra safado? Aquele fio de uma gata-que-ronca!?" Piorou, ninguém deu um passo à frente -ninguém sequer piscou. "Apareça, seu peste!"<br />Uma tensão danada. Viam-se alguns olhos lacrimosos, femininos, diga-se.<br />Tão triste ver um samba murchar. E quão terrível é ver um cangaceiro doido e bêbado ameaçando alguém. Ave-Maria! É hoje o dia...<br />O virgulino embriagado olhou nos olhos da negada da banda, nos das crioulas, nos de todo mundo. De repente, a outra mão, a que estava abanando, foi à cabeça. Coçou-se, com uma cara de besta que dava dó. "Errei o bar..."<br />O do pandeiro até tentou voltar a tocar, mas não conseguiamanter o ritmo. "Tremedeira danada, rapaz".Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-73881917141916935212011-02-13T19:31:00.000-08:002011-02-13T19:38:54.478-08:00Ode a Linhares (fale rápido)Esta cidade é pouca. É pequena como seus habitantes, todos. Todos eles.<div>É tudo muito artificial, planejadinho para seu rebanho. Tudo muito reto, sem curvas, sem o mal feito perfeito.</div><div>Quarteirões e mais quarteirões, sem graça alguma. Apenas um lampejo de exuberância - é certo que uma exuberãncia bem decaída, caída aos pedaços, assim é a verdade -: um casarão do século XIX, que, em momento de glória, gaba-se por ter hospedado Getúlio Vargas.</div><div>As ruas largas não dizem nada: mudas, frias e sem paixão. Apenas carros as gozam, com um prazer de máquina poluidora, é óbvio. Somente eles, que não sorriem e nem choram.</div><div>A gente daqui tem a hospitalidade de quem não tem hospitalidade. Sorrisos reservados. Colonos de agora, tardios, a olharem torto para os de há muito e os de sempre.</div><div>Tanta lagoa, tanto óleo e tão distante um lado do outro da rua. Vou ter de atravessá-la. Mas espero que ela não me fique atravessada pela garganta.</div><div>Linhares, vou-lhe tossir!</div><div>Linhares é de mentirinha, é encaixada, é para um menino gigante brincar de carrinho.</div>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-89053826635973420902011-02-10T17:23:00.000-08:002011-02-10T18:19:24.675-08:00Movimento dos barcos- Não tenho um lugar para me encontrar aqui. Nesta cidade - e em outras mais -, me sinto impotente. Não há uma praça frondosa; não há uma praia onde apenas o mar sussurre; nem uma varanda com uma rede. Já não tenho marca de abraço - aquela que mais gosto. Eu estou cansado, esta é a verdade. Preciso sair. Pra lugar nenhum. "E suportar a vida como um momento além do cais."Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-81875947036458479752011-01-16T14:04:00.000-08:002011-01-16T14:10:38.211-08:00Lá no Pier 21Cheguei e pedi uma gelada.<br />Amigos ao redor da mesa de sinuca. Cada qual com seu copo à mão. Brindamos. Encaçapou-se uma bola. Depois foram todas. Repete-se. Pedi um Wander Wildner e um Faichecleres. Claro que não havia disco deles. "Então bota um Roberto!". Não sou grande fã do Roberto, mas encarno um com certa perfeição.<br />Rimos todos com o pedido. Acabou que todos começaram a cantar as canções do Rei. Todo mundo diz que não gosta, porém acaba cantando, ou mesmo imitando.<br />Em Aracaju sempre se dá um jeito.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-9155818160517154612010-12-07T10:55:00.000-08:002010-12-07T11:00:13.894-08:00O que diria<span style="font-family: arial;">- Professor, trago péssimas notícias!<br />- Não.<br />- O latim morreu.<br />- Não.<br />- Também padeceram Roma, os glosadores e Napoleão.<br />- Não.<br />- Feche o livro, Mestre. Vamos seguir a marcha à rua!<br />- Não.<br />- O Sol já não mais é rei. O povo é rei. Esqueça as doutrinas empoeiradas, as pelejas e todo este oceano que institui a segregação e impede a integração. Sejamos!<br /><br />O douto professor já nã o ouvia. Na verdade, aquela voz jamais fora emitida e o diálogo, em tom de monólogo, nunca existiu. Foi um pensamento distante, absorto, de um aluno esgotado, que haveria de decorar posicionamentos doutrinários e outras pré-fixações, sacramentos. A prova está chegando e ele crê na inconfidência.<br /></span>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-84689337273229587622010-12-02T04:25:00.000-08:002010-12-02T04:59:15.071-08:00Considerações para o agora feitas pelo operador de blogsEla é da geração...qual letra mesmo? Y? Z? Meus pais devem ser da geração coca-cola - a que teve música e tudo o mais. Geração YZ! Ela, então, é da geração YZ. E como tal possui um blog onde escreve suas angústias, reflexões, momentos de alegria e coisas típicas do repertório desta sua geração.<br />Diante de seu notebook, em mais uma noite de insônia forjada, Ela começa a digitar mais um relato sentimental a ser compartilhado com um seleto séquito de amigos da mesma geração - será que existe algo após a letra Z? talvez seráprecisopegar emprestado algum outro alfabeto, o árabe ou o chinês.<br />"Saudade", começa assim tão nostálgico o dito <em>post, "de antigamente (época boa que não voltamais), das alegrias e dos sorrisos soltos e amarelos. Queria rebobinar a minha vida". Acredito que tenha ocorrido um erro de digitação desta transcrição aqui, já que esse verbo "rebobinar" não existe mais. Pertencia a outra geração... V! V de aparelho VHS, aliás, de VHS apenas. Mas são tantas letras em VHS... Enfim chamemo-a de geração VHS.</em><br /><em>Dizia a jovenzinha que morria de saudades de outrora. Isso é triste, mas como já dizia Belchior - membro de uma geração a qual não me arrisco procurar na sopa de letrinha - que "o novo sempre vem".</em><br /><em>Noutro dia reclamou de um certo membro de uma geração anterior que lhe quis alguma coisa, não se sabe bem o que. Ele procurou, procurou e parece que não achou o que queria. Ou talvez apenas um contato era o que intentava: trocar experiências, alertar sobre algo ou ouvir algum disco juntos. Afinal, os velhos bolachões de vinil voltaram. Os toca-discos (ou como diriam Belchior e meu avós, as radiolas) tornaram-se instrumentos desta geração YZ. </em><br /><em>Em verdade, há um engano. Os bolachões pertencem agora à geração X, aquela que ainda alcançou Jiraia, os Trapalhões e o Sérgio Malandto fazer programa com a Mara Maravilha -no bom sentido, claro. Estes da geração X são os verdadeiros retrôs pós-modernos.</em><br /><em>Mas voltemos a Ela. Tão bonitinha e com dedos tão frenéticos - de fazer inveja às mais experientes datilógrafas. Começou a teclar sem parar, como que num vômito literário - apenas como, não há pretensões para tal, não se quer ou não se pode, o que é o mais provável.</em><br /><em>Ela não para. Quem sabe mesmo perdera o controle de seus dedos, quem sabe para sempre. Ficará digitando eternamente. Jogará palavras em frases vazias e imprecisas. Falta algo para YZ. Esperemos que o tal twitter amenize o excesso de nada.</em>Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-70216047934278651252010-11-01T16:34:00.000-07:002010-11-01T16:35:58.559-07:00O marAi, montanhas!<br />Montanhas que me cercam,<br />me prendem<br />e não me deixam ver<br />o além-mar destes morros<br />caudalosos<br />de pedras, de ferro<br />e de inquietudes.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-85636467450405830562010-10-20T21:00:00.000-07:002010-10-20T21:20:44.756-07:00A invenção de J. - IEstava ali, sentada, erguendo a taça de vinho tantas vezes fossem possíveis, até secar as garrafas que poderia pagar. E olhava, indiferente, o vocalista que entoava suas canções, às quais se distinguia alguma pretensão fajuta de vanguarda - mania dessas bandas de agora, como bem proclama o Carlos.<br />Desde que a percebi não consegui deixar de fitá-la. Pele morena, um pouco mais escura que a minha - morena jambo? deve ser isso. Seu olhar absorto era o que mais me deixava instigado. Provavelmente algum sentimento de macho conquistador, de um Casanova tropical,incitava-me a querê-la, por essa noite, em algum quarto - o dela seria o mais ideal, já que a grana seguia curta.<br />Uma fotografia dela economizaria o tempo que teria para descrevê-la mais, apesar de que relatando aqui as minhas impressões você, meu camarada, poderia imaginá-la como uma criação minha. Confesso que ando fissurado por aquela figura morena de cabelos negros e lisos a cair sobre a face esquerda. Tem que vê-la como a vi!<br />A boca dela há muito já se avermelhara. Passou a demorar os lábios na taça. Com certeza já havia percebido a insistência que meus olhos mantinham em não deixar as pálpebras descerem - está bem, exagerei. Chegou mesmo a levantar a sombrancelha, como que a perguntar... por que que eu estava me demorando tanto naquela cadeira junto a uma horda de bárbaros falastrões?<br />Ela agora estava acompanhada de uma terceira garrafinha de vinho barato, com os lábios avermelhados, com os cabelos caídos ao rosto e a mão, mole, segurando a taça, olhando para mim.<br />O som acaba e a platéia começa a aplaudir aqueles pseudo-venguardistas - o que diria Itamar? A gora a minha banda vai subir ao palco. Lá em cima, percorro o olhar até a sua mesa: vejo o garçom passando a flanela na mesa vazia. Morena maldita. Foi-se para lá se sabe onde, para nunca mais.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-31341515393776934502010-10-20T20:30:00.000-07:002010-10-20T20:33:17.743-07:00A pele morena. O sol equatorial. Silhueta fina. O som da onda a se quebrar.<br />E um olhar de domínio sobre qualquer um que se intrometa em seu campo. A fumaça branca impedindo a visão.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-62006077160620752582010-10-01T11:49:00.000-07:002010-10-01T16:44:54.827-07:00Ser-me(-ia)Quanto daquel'água<br />me resta ainda ao corpo?<br /><br />Quanto daquelas vozes<br />ainda falo?<br /><br />Quanto deles<br />ainda<br />sou?<br /><br />Que sou?<br />Que falo?<br />E que turva água<br />é esta que me enxarca<br />com o que não sou?Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-68670785779034993292010-09-27T20:16:00.000-07:002010-09-27T20:35:47.130-07:00O amor, o desamor e as duas maritacas tagarelasComo é belo o amor (ao menos até a decepção que um termina sentindo por outrem)!<br />Essa história aconteceu bem no meio de uma ladeira: um casal que ia à frente, aos beijos e apertos, e, logo atrás, duas maritacas cantantes. E foram subindo e subindo o morro. Como eram lindos e feliz!<br />Ela sorria tanto! Já ele era mais contido, aproveitava o momento calmamente, confabulando um rala-e-rola para depois, acredito. Já as maritacas davam suas risadinhas de ave trepadeira. Notava-se, é certo, um ligeiro desconforto do rapaz perante as aves que os seguiam e ainda mais pelas gargalhadas e fuxicos. Por isso se aconselham não criar laços muito íntimos com esse tipo de ser.<br />Acontece que ele não era bem o dito "macho oficial" da moçoila - perdoem-me o tom machista. Ele era um rapazote qualquer, um desses cabeludos que andavam pela baixada nas noites secas. Era isso, mesmo. O digno macho estava... em sua rede (lendo, dormindo, ou qualquer outro gerúndio de se conjugar no ambiente doméstico).<br />Pois então que, no momento crucial desse conto da carochinha, passou voando um passarinho (o bem-te-vi seria a ave mais adequada para essa história, com seu papo amarelo e sua cara de malandro). O tal passarinho, acompanhado de sua amiga coreana, foi motivo da mudança de tom das maritacas - que começaram um escândalo maior, diga-se -; e que, por sua vez, fez o casal virar os rostos e, finalmente, fez enrubrecer o rosto da moça.<br />O bem-te-vi viu mas não ficou esperneando a sua velha ladainha. Preferiu mudar de discurso. Resolveu, em homenagem à amiga que o seguia, falar em coreano, língua simples, sim, mas que por estes trópicos se sente uma certa fadiga em compreendê-la.<br />Já o namorado-namorado-mesmo não estava vendo nada, coitado. Estava feliz e assim persistirá, até que o bem-te-vi fofoque este lero-lero besta. O namorado-namorado-mesmo acabou recebendo a mocinha, sorrindo com os dentes amarelados.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-72358966533942818452010-08-30T19:27:00.000-07:002010-09-27T20:13:45.381-07:00Romina IIIAgora, sim, lembro-me daquele final de semana na casa de praia. Foi só botar o disco do Drexler que a maquinaria enferrujada de minha cabeça resolveu girar.<br />Vou até voltar uma canção. É uma daquelas que se ouve repetidas vezes, sempre e sempre. Romina é que costumava fazê-lo: toda vez que terminava a tal música, apertava o botão de retorno de faixa. E uma e duas e três e tantas e tantas, até chegar na casa de praia. Ela usando aqueles óculos estilo retrô - desses que estão na moda, e que por isso não o comprei para mim, de birra mesmo - e os cabelos a se rebelarem com o vento que invadia o carro pela janela escancarada.<br />Una canción me trajo hasta aquí. E foi mesmo. Não me recordo das outras músicas do disco. Aliás, do CD. Digo disco, mesmo, por mais que me encham o saco dizendo-me que tenho espírito de velho-nostálgico-colecionador-de-vinis. A palavra disco soa bem melhor que este C junto ao D: cedê...<br />Romina me faz falta nestas noites sem nuvens. Deve estar descansando de tanta aula dada naquele frio das planícies do sul distante. Disse que se mudou para perto de uma lagoa que fica num canto bem verde daquela cidade. E eu aqui a reclamar do tempo seco e de meus lábios ressecados, feridos. Una canción me trajo hasta aquí.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6086452481486944938.post-34198537641314446662010-08-23T21:35:00.000-07:002010-08-23T21:51:09.422-07:00luar/solarEis que quando cai a noite<br />desdigo o dia que não me clareou.<br />E que mesmo que ressurja<br /> com o mesmo sol e o mesmo céu,<br /> retornará a mesma noite<br /> com a mesma lua e o mesmo breu,<br />para logo dar sequência ao segundo dia da semana<br />e depois a noite, a lua, o breu, o dia, o sol, o céu...<br /><br />Para sempre,<br /> até quando eu durar.Tenoriushttp://www.blogger.com/profile/02749682943718239322noreply@blogger.com1