segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O amor, o desamor e as duas maritacas tagarelas

Como é belo o amor (ao menos até a decepção que um termina sentindo por outrem)!
Essa história aconteceu bem no meio de uma ladeira: um casal que ia à frente, aos beijos e apertos, e, logo atrás, duas maritacas cantantes. E foram subindo e subindo o morro. Como eram lindos e feliz!
Ela sorria tanto! Já ele era mais contido, aproveitava o momento calmamente, confabulando um rala-e-rola para depois, acredito. Já as maritacas davam suas risadinhas de ave trepadeira. Notava-se, é certo, um ligeiro desconforto do rapaz perante as aves que os seguiam e ainda mais pelas gargalhadas e fuxicos. Por isso se aconselham não criar laços muito íntimos com esse tipo de ser.
Acontece que ele não era bem o dito "macho oficial" da moçoila - perdoem-me o tom machista. Ele era um rapazote qualquer, um desses cabeludos que andavam pela baixada nas noites secas. Era isso, mesmo. O digno macho estava... em sua rede (lendo, dormindo, ou qualquer outro gerúndio de se conjugar no ambiente doméstico).
Pois então que, no momento crucial desse conto da carochinha, passou voando um passarinho (o bem-te-vi seria a ave mais adequada para essa história, com seu papo amarelo e sua cara de malandro). O tal passarinho, acompanhado de sua amiga coreana, foi motivo da mudança de tom das maritacas - que começaram um escândalo maior, diga-se -; e que, por sua vez, fez o casal virar os rostos e, finalmente, fez enrubrecer o rosto da moça.
O bem-te-vi viu mas não ficou esperneando a sua velha ladainha. Preferiu mudar de discurso. Resolveu, em homenagem à amiga que o seguia, falar em coreano, língua simples, sim, mas que por estes trópicos se sente uma certa fadiga em compreendê-la.
Já o namorado-namorado-mesmo não estava vendo nada, coitado. Estava feliz e assim persistirá, até que o bem-te-vi fofoque este lero-lero besta. O namorado-namorado-mesmo acabou recebendo a mocinha, sorrindo com os dentes amarelados.